16/07/2007

Manifesto Tolicista

Todos os homens são tolos revestidos pelas vestes da certeza, uns mais, outros menos. A certeza é originada de diversas formas, pode ser pela religião, pela tradição, pelas crenças, pela ciência ou por qualquer outro meio que convença um sujeito de que algo é verdade ou não. Em todo lugar, em todos os tempos, não se sabe por quê, houve quem se preocupasse em estabelecer os fundamentos da realidade a partir das estruturas lógicas do nosso pensamento. A atribuição desses sujeitos inquietos era a de forçar a passagem dos elementos da existência através da cognição para, a partir daí, estabelecer fórmulas, conceitos, leis, e outras modalidades de certeza. Nesse processo, muitas das práticas foram sendo refinadas e as certezas se tornaram mais fundamentadas pelas lógicas cada vez mais apuradas. Isso significa que para cada tempo, em cada lugar, uma certa estrutura da percepção e da cognição humana era utilizada para se estabelecer o que era verdade ou não. Quem hoje poderia conceber a existência de um deus chamado Poseidon que governaria os mares e oceanos? Pois houve uma época em que isso era perfeitamente plausível, pois, sabe-se lá o porquê, podia ser concebido sem maiores problemas pelos homens. Nessa sucessão de novas formas de pensar, de sentir, de apreender e concluir, institucionalizamos uma metodologia para se proceder quando quisermos estabelecer uma verdade, é o que chamamos, genericamente, de ciência, simbolizada pela universidade, lugar onde os homens praticam essa metodologia exaustivamente para estabelecer o maior número verdades possível. A universidade é a materialização máxima da angústia do homem causada por sua busca infatigável em compreender as coisas e fenômenos em seu redor. A razão é a pior tragédia do ser humano, é seu câncer de nascença que lhe causa todas as perturbações das quais sofre, e todas as instituições criadas por essas perturbações são unidades terapêuticas para tratamento de consternações e euforias. Mas mesmo esse objetivo nem sempre é atingido com o acúmulo de certezas pelo indivíduo, que supostamente amenizariam sua angústia, é atingido também pela eminência que é atribuída ao sujeito pertencente à instituição somente pelo fato de pertencer a ela e ali desenvolver suas atribuições de pesquisador, então passam a gozar de prestígio, de poder, e de outras coisas que ajudam a tornar mais agradável a existência terrena. Não se sabe se um sujeito quer pertencer a uma congregação, seja ela científica ou religiosa, para estudar um assunto qualquer ou para brilhar aos olhos dos outros, ou as duas coisas ao mesmo tempo. Pudera, se não se sabe o que se está fazendo aqui na Terra, como definir os objetivos da própria vida? Há concepções muito convincentes a sobre a existência humana e seus propósitos. Há religiões, seitas e escolas místicas que dão conta disso. Mas não são raras as concepções que não passam pelo crivo da metodologia científica, por meio da qual não podem ser estabelecidas como verdade. Não bastasse isso, muitas dessas concepções são contraditórias, não só em sua própria fundamentação, mas também em comparação com outras concepções. Que faremos, então, sujeitos como eu que não foram doutrinados numa religião, não se satisfazem com as verdades científicas e nem são presunçosos o suficiente para negar a existência de Deus e de seus propósitos para os homens e as coisas do mundo? Ora, não há outra coisa a fazer senão ser um tolo, um pascácio, um tongo, um sorongo, um bocó, um aparvalhado, um pandorga, um pancrácio, seja lá qual for termo utilizado para definir aquele que não tem juízo, razão ou fundamento. O tolo é aquele sujeito das vestes da certeza cheias de retalhos, remendos, pregas mal armadas, costuras perfeitas e mal feitas e com cores de diversas tonalidades. O tolo é aquele que não se importa em deixar rombos nas vestes que lhe expõem as partes que causam encabulamento. O tolo é o sujeito que fica nu das certezas quando lhe convém e enfeitado como um rei francês quando assim o desejar. O tolo é o demolidor e construtor das sintaxes que explicam e confundem conforme as determinações do seu estado de espírito. O tolo é o estado natural do ser humano curioso desbravador das coisas do mundo, que desvenda os mais inconcebíveis segredos da existência. Somos todos tolos, mas muitos de nós aprendemos a nos confundir com as vestes. Viver a tolice é viver o desregramento necessário para prosseguir com as descobertas que se dão por diversos meios além dos laboratórios científicos e dos rituais religiosos ou pagãos. O tolo conhece e desconhece Deus. Sabe e ignora os desígnios dos homens na Terra. Reconhece que além de seus olhos, tato, ouvidos, paladar, olfato, cognição, lógica, razão, pode haver outros instrumentos ainda não institucionalizados para conceber Deus e o propósito das coisas. Mas reconhece também que podem não existir esses outros instrumentos e que ficaremos eternamente presos aos nossos escassos sentidos sem poder saber o que nossa angústia existencial nos impele a saber. O tolo é a figura da ingenuidade que deita fora conceitos pré-estabelecidos e resultados de experiências anteriores, que aprende com coisas novas e coisas velhas, e as velhas não são velhas porque são esquecidas e retomadas o tempo todo, tornando o mundo um eterna novidade. A propriedade elementar do tolo é a falta de posição numa discussão, ele somente questiona para se chegar ao fundamento da discussão, como ela nunca é descoberta, porque toda discussão deve ter como fundamento básico o propósito da existência, ele não julga e nem chega a nenhuma conclusão. A tolice é a virtude que os seres humanos podem induzir para tentar chegar à resposta ansiada, e se ela não chegar, ao menos serão felizes como são todos os tolos, os amalucados, os aparvalhado, os apatetados, os atolados, os atombalados, os atoleimados, os basbaques, os bobos, os bobocas, os bocós, os bolônios, os boquiabertos, os débeis, os lesos, os lorpas, os pacóvios, os palermas, os palúrdios, os paspalhões, os pategos, os petolas, os sorongos, os tontos, os balarminos, os beldroegas, os pancrácios, os pandorgas, os papalvos, os papa-moscas, os pascácios, os tongos...

06/07/2007

O dançarino dos ladrilhos

Andava de um canto a outro na sala de ladrilhos pretos e brancos. À certa altura, guiava seus passos ora pisando somente em ladrilhos pretos, ora somente em brancos. Minutos depois esse hábito se tornara tamanha obsessão que ele já não conseguia mais pisar entre os ladrilhos, como se isso tivesse se tornado um ato de extremo mau agouro. Diversificava as seqüências de passos, pisava preto-preto-branco, branco-branco-preto, e despendia tanta concentração nessa tarefa que não percebia a quase-dança que estava fazendo. Quando se sentiu entediado, começou a contar os ladrilhos. Contou a faixa de ladrilhos pretos de um canto a outro da sala e depois a de brancos. Depois fez essa mesma contagem na transversal, mas não sabia como contar os ladrilhos partidos que serviam para preencher os espaços nos cantos da sala que não eram do tamanho de ladrilhos inteiros. Não sabia se considerava meio ladrilho como um ladrilho inteiro, e também não sabia se meio ladrilho era meio ladrilho ou se era dois quintos de um ladrilho ou, ainda, quinto oitavos de um ladrilho. Não conseguiu resolver sua conta e angustiou-se por não saber exatamente quantos ladrilhos poderiam haver no chão daquela sala, não conseguia ignorar os ladrilhos partidos. Parou, desviou o olhar do chão para o teto e ficou observando a lâmpada fluorescente acesa que lhe ofuscava a vista, fazendo-o contrair o sobrolho. Coçou o pescoço e depois meteu as duas mãos no bolso da calça. Desviou o olhar novamente para o chão e foi até o extremo da sala pisando a seqüência branco-branco-preto, aquela que mais havia lhe agradado. Virou-se deixando a parede atrás de si e olhou para as três cadeiras e a pequena mesa no outro extremo da sala. Colocou o lábio superior embaixo do lábio inferior e estufou as bochechas com ar. Tirou as mãos do bolso e as cruzou atrás da cabeça, servido-lhe de apoio, para se alongar inclinando-se para trás e olhando novamente para o teto. Recompôs-se determinado a contar os ladrilhos, ainda que houvesse aqueles partidos, sem, no entanto, saber como resolveria sua equação. Deu o primeiro passo pisando em um ladrilho preto, pois lembrava-se que os últimos dois que havia pisado eram brancos, olhando em volta e contando um por um. Lembrava que havia um modo de utilizar a multiplicação de forma a não precisar contar um a um, mas desconsiderou essa hipótese. Por volta do ladrilho 12 a porta da sala foi aberta. O médico entrou resignado, com uma expressão melancólica que não conseguia ocultar, sentou-se em uma das cadeiras da sala, curvou-se um pouco à frente, entrelaçou os dedos com os cotovelos apoiados sobre os joelhos e voltou os olhos para o sujeito em pé no canto oposto. O dançarino dos ladrilhos observou o semblante do médico, depois olhou novamente para a lâmpada, colocou o lábio superior embaixo do lábio inferior, estufou as bochechas com ar e desejou que a pior coisa que podia lhe acontecer naquela noite fosse não saber como contar os ladrilhos partidos.

A terra e o macaco

A terra que ela é
é o macaco que eu sou
e seus sedimentos e fragmentações
é a repartição a que se submetem
todas as coisas que se manifestam na realidade

Projeto-me nela com a empatia absurda
de quem ama as mais ínfimas migalhas
de toda a matéria que se produz
de quem sabe que, cedo ou tarde,
será componente dela
e que comporá outros seres
que voltarão a terra
como parte da lei fundamental
da qual nada se isenta

Essa terra é o chão que piso
o chão que esqueci que piso
porque nossa relação é tão básica
que se torna opaca pelos seres que se movem
e me fascinam muito mais

mas ela se move, e eu me movo
ela menos, eu mais
como determina a dinâmica de movimentação
que se estabelece no planeta inteiro
e fará com que, em algum tempo,
eu não seja mais o mesmo macaco... e nem ela
fará com que os fragmentos que nos constituem
sejam espalhados por outros lugares
(próximos, remotos, profundos ou rasos)
sem nenhum propósito bem definido ou que importe

Sento-me na terra nua
já despreocupado em me sujar
desejando poder lhe consolar
por sua nudez, por seus traumas
e por sua condenação ao esquecimento
de todos que amassam sua superfície com os pés

Impotente, consolo a mim mesmo
porque o sentir é meu
e sou eu que dou conta da nossa relação
sobre quem que recairá as desgraças da terra
inexoravelmente

O desconforto do macaco

Deus ainda não me fez ver o propósito das coisas
e também não me fez dar conta de sua existência
ou fez e eu não percebi, ou percebi e neguei
...
Mas por que haveria ele de fazer isso?
E por que haveria eu de querer isso?

Alguns macacos nascem cegos
Outros não podem ouvir
Há aqueles que não tem recursos
e há os desprovidos das faculdades mentais
Mas há também aqueles que não tem fé
e é esta a minha desgraça
e deve ser a parte que me cabe
do sacrifício a que todos devem se submeter
em compensação a algo que nos é dado
ou por algum motivo qualquer que ninguém sabe bem ao certo,
que alguns macacos talvez saibam muito bem
ou que talvez esteja escrito em algum lugar
e que poder ter tido contato com os meus olhos e ouvidos
que podem ter transmitido ao meu discernimento
mas que não discerne das coisas de Deus
e fiquei sem saber

amo demais as criaturas que Deus pôs na Terra
e é por amar demais sua criação
e por ser irremediavelmente cego e estúpido
diante do que ele deve tentar me mostrar o tempo todo
que eu sou atirado (por mim?) para longe dele
feliz, ao menos, por ter sido abençoado
com a idiotice que faz rir das coisas e dos seres
...do despropósito de tudo que me é tão evidente
que não há outra coisa a fazer senão rir

diante dessa confusão mental
que me desordena toda a realidade perceptível
e que me faz sentir um condenado à privação das coisas de Deus
deito-me no galho e já não dou conta de mim
entrego-me a Deus como último recurso após esses raciocínios inúteis
como quem pula da castanheira para não ter que voltar
como quem confia que, lá embaixo
será um onde qualquer que não aqui, porque não há razão para ficar
e que poderá, por um milagre qualquer, aparecer no topo de outra castanheira
ou voar para qualquer outro lugar que Deus queira
ou dar de cara com o chão duro porque é de sua vontade
mesmo que eu não dê conta dele, e nem de mim

Que me importa os questionamentos, afinal?
O melhor não seria mergulhar no oceano dos seus mistérios
sem saber bem a razão?
porque não é essa a única associação possível
entre um macaco e um oceano
entre a alma e o indefinível?
como uma lei natural
que é lei dos loucos também?

E fico sem saber

O poema do macaco triste

Talvez eu precise perder tudo
para descobrir que eu não preciso de nada
Talvez eu precise me livrar da selva que me abriga
das frutas, das folhas, das flores
e da macaca-aranha que me chama à noite e diz que me ama
Mas serei feliz?
E se eu acordar e estiver na caatinga sem nada?
E se não tiver nem selva, nem comida
e nem ninguém pra dizer que me ama?
Como saberei?
E se, em verdade, eu precisar de outras coisas?
e então?
Sim, talvez eu precise trocar as coisas que tenho
mas como saberei pelo quê devo trocar minhas coisas
se não sei o que me deixa feliz?
E se eu precisar de mais?
Sim, e se eu precisar de mais?
Mas tenho um pouco, ao menos deveria estar um pouco feliz
E se o pouco que tenho for nada?
E se eu já tiver muito?
Há tantos homens que comem barro
e bebem água saloba
para matar fome e sede!
E isso? Isso sim é não ter nada!
Certamente não são felizes esses tantos
Mas e se forem?
Terei eu que comer barro e beber água saloba para ser feliz?
Mas se eu me livrar de tudo
e então me tornar infinitamente mais triste e me arrepender?
Como vou reaver o que perdi?
E se nada me deixa feliz?
O que me resta?
Que farei eu neste mundo?
...
Não, exaltei-me
Sei que sou feliz em certos momentos
Mas por que somente em certos momentos?
O que há de errado?
E se a felicidade for o porção de alimento
para a fome, que é a tristeza
e que sacia até que a barriga ronque novamente?
E se a felicidade for um capricho?
Por que a quero tanto, afinal?
Não depender dela seria muito melhor
mas melhor como?
Ser feliz sem felicidade?
É um paradoxo!
...
Preciso definir:
Quero-a muito, ponto...

Neste momento sinto um ímpeto
de destruir o que acabei de escrever
Eliminar a incerteza e dissolvê-la no esquecimento
Para quê tanto questionamento?
Estou triste, apenas isso
Meu questionamento é um mal-estar
Que eu esqueça isso
e que amanhã, quando eu acordar
eu esteja feliz
e que o porquê não importe

Meu nariz vermelho

O meu nariz vermelho
é muito mais do que um não ser eu
é muito mais do que uma máscara
um traje, um disfarce
muito mais do que charlatanice
simulação, impostura ou embuste
é muito mais do que isso
é mais do que ser um imbecil nas horas vagas
porque é tudo isso e nada disso

O meu nariz vermelho
é o fingir ser eu mesmo
a máscara do que eu sou de fato
meu disfarce que descobre a alma
é ludibriar com a sinceridade
é a esquisitice da naturalidade
é ofender elogiando o meu interlocutor

O meu nariz vermelho
é a alegria de me reconhecer
como um ser bobo e espontâneo
sabidamente ignorante
que aprendeu a desaprender os aprendizados
mas é triste também
porque é quando a consciência dá umas pontadas
e me molesta o tempo todo
me dizendo que eu não posso
ser eu mesmo tempo todo
porque o tempo todo
é muito tempo

O meu nariz vermelho
é a concessão para ficar nu da alma
para explorar a boa-fé do público
para atacar a compostura,
as convenções sociais
o decoro, a decência, o pudor
para ser um idiota e estúpido
e fazer o que der na telha
ainda que não haja teto nem telhas

O meu nariz vermelho
é a manifestação do meu estado
de permanente angústia e aflição
por ter acumulado muitas incertezas
por não ter entendido muito bem
dos assuntos dos homens e dos deuses
por ter engolido a contragosto
conceitos e comportamentos
receando a privação do convívio com outros
receando o cárcere e o ostracismo

O meu nariz vermelho
é a expressão desse ente contraditório que sou
que aceita e nega tudo
como uma lata de lixo que, inutilmente,
diz “não” para cada porcaria
que lhe é atirada para dentro
e então nega as coisas que tem dentro de si
mas não se desfaz delas
porque teria que tombar sua lata
aí viria alguém lhe erguer novamente
e colocaria de volta todas as porcarias
reconstituindo a lata de lixo
da mesma forma que antes

Isso tudo é o meu nariz vermelho
o que não significa muito
nesse mundo cheio de significados
muito mais importantes
mas ele é, sobretudo,
a habilidade de rir de si próprio
a percepção de como nós humanos
somos irresistivelmente engraçados
e de como nossas humanitíces
são cômicas, trágicas e
(por que não?)
lindas

Sofás

O marido chega em casa um pouco mais tarde do que de costume. Sem se deixar ser percebido, ele se aproxima por detrás da mulher que está a lavar louças, abraça-a e sussurra no ouvido dela:

- Surpresa, meu amor! Comprei aquele sofá que a gente tanto queria!

Um mês depois o marido infeliz estava mortinho da silva. Esfaqueado pela mulher, ele sangrou até a morte sobre o tapete da sala, ao lado do sofá verde-abacate de tecido sintético e estrutura de madeira cutucante que havia comprado. Os vizinhos chamaram a polícia e ela foi levada para a delegacia. Durante o interrogatório a mulher teve um surto. Babando e tremendo, abandonada pela lucidez, ela arrancava os próprios cabelos, chorava e arranhava seu rosto bravejando contra um tal sofá que havia ganhado do marido – foi o que constou nos autos. Os policiais interrogaram as pessoas próximas do casal, todos disseram que a pobre mulher vivia comentando a respeito de um sofá grande, fofo, vermelho e florido que pretendia comprar. Uma das vizinhas disse que parou de freqüentar o lar do casal depois de ter visto um certo sofá verde-abacate ser entregue lá. A mulher aguarda o julgamento em um centro de recuperação para maníacos obsessivos compulsivos por sofás no centro da cidade.

Isso aconteceu há alguns anos atrás, antes do Osvaldo se mudar para uma nova casa. O Osvaldo é um amigo meu, o sujeito mais perfeccionista que conheço. Foi ele que me contou a história de uma decoradora que sofria da síndrome bipolar sofástica, condição que havia adquirido depois de não ter conseguido encontrar um sofá que combinasse com a decoração de seu apartamento. O Ovaldo planejou minuciosamente a compra do mobiliário para sua casa. Encontrou tudo que queria, exceto o sofá. Depois de meses tentando sem sucesso encontrar o sofá que queria, decidiu escrever um livro: “Em busca do sofá dos meus sonhos”. Este é o título de sua obra que já chegou a marca das 10 mil cópias vendidas. Sua busca pelo sofá terminou há dois meses. Ele comprou o mais barato e vagabundo que encontrou, depois, em menos de duas semanas, escreveu outro livro: “Manual prático para conviver em harmonia com seu sofá feio, barato e desconfortável”, já há vários dias na lista dos mais vendidos.

Temendo pela minha saúde mental, decidi doar meu sofá para um mendigo e mobiliei minha sala com cadeiras. Ontem eu me encontrei com esse senhor, ele estava todo machucado. Ficou assim depois de um confronto com fiscais da prefeitura que confiscaram seu sofá. O pobre homem me confessou que já não consegue viver sem o sofá e que cedo ou tarde dará cabo de sua vida.
Deus tenha piedade de sua alma!